Abre os braços ao vento, deixa o sol queimar a tua cara e a areia entranhar-se nos dedos dos teus pés. Aprende a andar descalço e a sorrir quando vês os pequenos e os grandes milagres da natureza desenrolar-se diante de ti.
O que é olhar para o vazio duma paisagem e sentir nada mais que silêncio?
Tranquilidade? Olhar para tudo o que existe e está a acontecer diante de nós, mas,
no entanto, apenas sentirmos admiração e maravilha por estarmos ali, quietos,
sem falar, apenas a sentir o que esteve, está e estará quando nos formos embora
desta vida.
Como se explica esta ligação ao natural, ao nosso estado primordial, longe
das tecnologias, longe dos facilitismos? Uma sensação de casa crescente em cada
vez mais pessoas, eu inclusive. Que outra razão afinal teria para amar passar
grande parte do meu tempo na natureza, nas árvores, no chão, descalço a sentir
a terra nos meus pés?
Só sei dizer que é uma ligação e, se calhar, até a ligação mais saudável que
temos enquanto espécie neste planeta. É uma ligação eterna, sem princípio nem
fim, para além do científico claro. É a ligação entre a Terra, que nos dá tudo
para sobreviver, e a nossa espécie, quem se alimenta desta Terra e só tem como
responsabilidade mante-la saudável e limpa.
O que não acontece infelizmente. Não respeitamos este sítio onde vivemos e
criámos uma cultura de separação entre Homem/Natureza. Que coisa mais aberrante
essa separação, é só isso que tenho a dizer. Como é podemos afastar da equação
do nosso bem-estar o elemento mais importante e que nos permite estar vivos?
Afinal donde vêm os nossos alimentos e os materiais que nos dão todo este
conforto?
E quanto às nossas responsabilidades? E quanto à manutenção da vida neste
planeta e da sua preservação? O que se espera do nosso futuro a partir do
momento em que sobre exploramos para proveito e lucro próprio já para além da
nossa sobrevivência? O que acontece a partir do momento em que a Monsanto tem o
monopólio das sementes e cria uma monstruosa cultura de GMO's? Ou a partir do
momento em que temos derrames de crude, gases de efeito de estufa e outros
tantos problemas ambientais que são mais do que aqueles que consigo enumerar. O que acontece nessa altura? À nossa ligação? Aos sítios que adoraríamos visitar,
mas que estão ameaçados pela construção de pipelines de petróleo e gás? Basta o
exemplo de Dakota e Kimberley nesse aspeto.
É preciso consciência pelo meio ambiente e com isto não falo apenas em
ativismo ambiental que muito bem faz por este planeta. Falo também na reaproximação
entre nós humanos e o nosso meio natural. Mais do que o preservar é importante
voltar a integrá-lo nas nossas vidas pela simples necessidade de tranquilidade
e grounding que só se encontra aí. Só desenvolvendo a ligação com o que existe
neste planeta é que se consegue encontrar equilíbrio para sobreviver na
distopia que é a quantidade de problemas de toda a ordem que existem no dito
"mundo civilizado".
Preservem e amem o solo debaixo dos vossos pés.
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