Assim

Certamente que por vezes teremos de tomar como certas as memórias e as palavras. Talvez relembrá-las para que delas um sentido seja retirado, não somente uma distante memória que já nada nos queira dizer ou propositadamente esquecida, como a conveniência de fechar as gavetas.  E assim... revelar a pouco as palavras não ditas mas escritas, ou talvez ditas mas não por elas mesmas, mas sim por outras que longe se formam mas perto se situam.



Figueira da Foz (2017)



Perdi-me no instante em que perdi a vontade de não me perder
Vi em ti a esperança de em mim renascer como se novo, o fosse.
Mas cedo morreu a luz, que tu em mim, e eu ali, em torno do meu ser
Pois a alma que em mim habita é o fruto de toda aquela perdição

Perdi-te a ti, não, somente a mim quando em ti perdi-me no olhar
A ti, a dedicação que me foi dada sem o certamente talvez, merecer
E em mim a queda de todo aquele peso no contemplar da onda do mar
Já não és tu o navio que no meu mar navega, nem na costa aportarás.

Numa tempestade afastei-te para águas mais calmas, acaso prometido.
Avisei-te do mar e tomei-te como minha pela certeza de em mim sonhares.
Tirei-te a mão que a ti guiava só pelo ardor de te poder ver cega na escuridão.
Dei-te a ti, eu, perdido e desorientado para das peças me formares um sentido.

E aquando do instante em que sobre mim caiu o poder de em mim me tornar
Apaguei a tua chama como quem apaga o fogo inconveniente, quietude da alma.
O teu olhar belo como sempre, porém profundidade desmedida é apenas o topo.
Odores irreconhecíveis são nada mais que palavras escritas e memórias perdidas.

O que é disto agora senão recomeçar de novo, mais uma vez, mais cansado.
Poderei ainda querer sonhar o alto? Guardar de ti a mais importante das lições?
Prendas não tas poderei dar, somente o dizer e o mostrar que de ti algo aprendi.
Confia em mim então mais uma vez que tu sem mim e eu em ti sem ti… puro.

Livre para escolher o que de ti tirar, para mim, para em ti por como proveito.
Certamente isso me ensinaste para que certo dia fosse em via a vez de te ver.
Percas não a esperança que um dia se veja o sol a brilhar em áurea na minha aura
Quando de mim brotar o sorriso e o obrigado por toda aquela luz que de ti roubei.


Assim…



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